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Como comparar propostas de crédito: um guia essencial

Se pretende contratar um crédito habitação ou um crédito ao consumo, o primeiro passo é comparar propostas de crédito.

Poderá fazê-lo através do simulador do Banco de Portugal (seja para o credito habitação, seja para o crédito a consumidores) ou nos simuladores disponíveis nas páginas das várias instituições financeiras ou intermediários de crédito.

O importante, contudo, é que as propostas sejam comparáveis e, para isso, têm de ter em comum um conjunto de fatores. Só com a mesma base, ou seja, com premissas de partida comuns podem sem comparáveis.

Além disso, para comparar propostas de crédito não deixa de ser necessário saber o que deve comparar, tendo em vista a contratação do crédito mais em conta. Sabia, por exemplo, que um crédito com mensalidades mais baixas nem sempre é sinónimo de um crédito mais barato?

COMO COMPARAR PROPOSTAS DE CRÉDITO: OS FATORES A TER EM CONSIDERAÇÃO

1. A finalidade do crédito é importante

Se precisar de pedir um empréstimo tenha em atenção que cada tipo de crédito tem particularidades próprias inerentes à finalidade a que se destina. De facto, cada tipo de crédito difere em primeiro lugar no montante, prazo e garantia associada.

Um crédito ao consumo, destina-se a financiar a compra de bens de consumo, designadamente computadores, viagens, educação e automóveis, e é, por isso, um empréstimo de curto prazo e com um valor máximo de 75.000 euros. Tem uma taxa de juro máxima fixada trimestralmente pelo Banco de Portugal.

Já o crédito habitação, é um empréstimo de valor mais avultado, com um prazo mais longo e taxa de juro definida pela entidade financeira que o concede. Neste tipo de crédito a hipoteca da casa é dada como garantida do reembolso.

2. A TAN, mas sobretudo a TAEG

A primeira coisa para que olhamos é a taxa de juro, concretamente para a TAN (taxa de juro anual nominal). Esta taxa indica o montante de juros que irá pagar sobre o empréstimo que que contratar.

Mas olhar só para este valor é um erro, até porque existem vários outros custos associados ao crédito, nomeadamente:

  • Juros;
  • Comissões associadas ao crédito e a comissão de manutenção de conta à ordem, cuja abertura seja obrigatória para a gestão do empréstimo;
  • Impostos;
  • Despesas relativas ao registo da hipoteca, no caso de se tratar de um crédito com garantia hipotecária;
  • Seguros exigidos para a concessão do crédito;
  • Remuneração do intermediário de crédito, caso essa remuneração seja paga pelo consumidor, o que sucede quando recorre a um intermediário de crédito não vinculado;
  • Outros encargos associados ao contrato de crédito.

Todos estes custos estão englobados na TAEG, a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global, que, no fundo, traduz o custo total do crédito expresso em percentagem anual do montante do crédito. É por esta razão que a TAEG é a taxa a não perder de vista na comparação de propostas de crédito.

Por isso, antes de optar por uma proposta de crédito, analise com atenção os valores da TAN e da TAEG. Muitas instituições financeiras anunciam que têm a TAN mais baixa do mercado, mas, quase sempre, é à custa de uma TAEG mais elevada. Ao considerar a Taxa Anual Efetiva Global vai estar a fazer uma comparação de propostas de crédito mais correta, pois estará a comparar propostas com todos os custos incluídos.

Nota: Ao contratar um crédito pode ser-lhe sugerida a contratação de outros produtos financeiros da instituição como o cartão de crédito, seguro multirriscos ou seguro de vida no crédito habitação, por exemplo, como forma de reduzir o spread da taxa de juro do empréstimo. Estes produtos têm, no entanto, custos anuais que deverá analisar a fim de ver se compensam a redução do spread.

3. O MTIC

Enquanto a TAEG é uma percentagem , o MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) é um valor expresso em euros. Representa o valor total dos pagamentos que terá de fazer relativos ao crédito que pretende contratar. Ou seja, inclui o valor do empréstimo (o capital) acrescido do total de juros, comissões, despesas, impostos e seguros pagos.

Por outras palavras, para comparar propostas de crédito é fundamental olhar para o valor do MTIC em vez da prestação mensal. Claro que o valor da mensalidade pode ser um fator importante na gestão do seu orçamento mensal – e já agora para não agravar a taxa de esforço – , mas, ainda assim, é o MTIC que indica efetivamente quanto lhe custará o crédito.

Deste modo, lembre-se que:

  • Um crédito com um prazo de pagamento mais longo terá sempre um MTIC mais elevado, uma vez que pagará mais juros por esse crédito do que num crédito semelhante com um prazo de pagamento mais curto.
  • Um crédito com taxas de juro mais elevadas terá, na mesma medida, um MTIC mais elevado, dado que os juros a pagar serão superiores.

ONDE CONSULTAR INFORMAÇÃO RELEVANTE NUMA PROPOSTA DE CRÉDITO?

No caso do crédito ao consumo, a informação relevante encontra-se detalhada na Ficha de Informação Normalizada (FIN). No crédito habitação na Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE).

Como estes documentos têm um formato normalizado, todas as propostas que obtiver serão idênticas, e, por isso, é mais fácil encontrar a informação que precisa para decidir.

Então, qual será a melhor proposta de crédito para si?

Como vimos, a TAEG e o MTIC são as duas medidas do custo do crédito que devem ser utilizadas para comparar diferentes propostas de crédito. Nunca as perca de vista!

Em propostas de crédito com o mesmo montante e o mesmo prazo, a proposta que tiver a TAEG e o MTIC mais baixos será aquela em que suportará menos custos com o empréstimo. Ou seja, será a proposta mais barata.

COMPARAR PROPOSTAS DE CRÉDITO COM PRODUTOS ASSOCIADOS

Algumas instituições financeiras sugerem a contratação de outros produtos financeiros como forma de reduzir a taxa de juro. São as chamadas “vendas facultativas”.

Estes produtos têm custos que podem não compensar a redução do spread. Além disso, se desistir deles até ao prazo de um ano, o seu spread poderá aumentar. A instituição financeira pode rever as condições do empréstimo, passando a aplicar as que vigorariam se não os tivesse contratado.

Pode ou não valer a pena adquiri-los, até porque, podem existir soluções mais baratas no mercado (como por exemplo nos seguros do crédito à habitação).

Para avaliar o impacto da aquisição destes produtos na redução do spread, compare a TAEG e o MTIC com e sem a sua aquisição. Analise se o ganho é superior ao seu custo anual e decida.

 

RENEGOCIAR OU CONSOLIDAR CRÉDITOS: escolha a melhor opção para si

Para as famílias que perderam rendimento durante o pico da pandemia, as moratórias permitiram obter mais liquidez disponível ou em casos extremos, não perder a casa.

Hoje, por causa da guerra na Ucrânia, o aumento da inflação e a subida das taxas de juro podem significar uma pressão extra sobre o orçamento familiar, sobretudo se estiver a pagar prestações de crédito. Se pensa que vai ter dificuldade em cumprir os seus compromissos financeiros, então é altura de pensar em renegociar ou consolidar os seus créditos junto do seu banco.

RENEGOCIAR OU CONSOLIDAR OS CRÉDITOS: QUAL A MELHOR OPÇÃO?

A primeira coisa a fazer é analisar o seu orçamento. Comece por calcular os rendimentos mensais e as despesas com as prestações de crédito. Idealmente, estas despesas não deverão representar um encargo superior a 30% do rendimento do agregado familiar. Se for superior, significa que a sua taxa de esforço é elevada e chegou a altura de agir.

Neste momento, o seu principal objetivo é reduzir a prestação mensal dos seus créditos e, se não tem possibilidade de os amortizar, então tem duas opções: renegociar ou consolidar os créditos.

No entanto, há alguns cuidados a ter conta. O importante é que ao contactar o seu banco apresente o orçamento familiar. Mostre de forma clara os seus rendimentos, despesas gerais e prestações com os créditos. Explique porque quer renegociar crédito (ou consolidar) e reforce que o objetivo é o de continuar a cumprir com as suas obrigações financeiras.

Para o ajudar a decidir qual a melhor opção para si, juntamos uma explicação simples sobre ambas.

RENEGOCIAR CRÉDITOS

Renegociar créditos significa alterar as condições do crédito tendo sempre como objetivo reduzir a sua prestação mensal. Existem várias maneiras de o conseguir, todas com vantagens e desvantagens inerentes. Conheça algumas

1. Prolongar o prazo de reembolso do crédito

Quanto maior o prazo do crédito, menor será a prestação mensal, já que o empréstimo será amortizado em mais meses do que o inicialmente acordado. Mas, a longo prazo, o custo total do empréstimo será maior já que terá de pagar mais juros.

Tenha em atenção o MTIC (Montante Total Imputado ao Crédito) que consta do seu contrato ou da proposta que lhe será feita. Este valor corresponde à soma do capital e de todos os custos associados ao empréstimo, nomeadamente juros, comissões bancárias, impostos e outros encargos.

2. Negociar a taxa de juro

Se o seu crédito tem uma taxa de juro indexada à Euribor, pode negociar o spread, ou seja, o valor que acresce à Euribor. A redução do spread leva a uma redução da prestação mensal, bem como do custo global do financiamento.

A outra opção será a de alterar a sua taxa variável para taxa fixa. Tenha, no entanto, em atenção que uma taxa fixa reduz a incerteza quanto ao montante de juros a pagar, mas se a Euribor baixar pode deixar de ser compensador.

Se, por outro lado, o seu crédito tem uma taxa de juro fixa, e se a considera alta, tente baixar o valor ou mesmo negociar uma taxa de juro variável. Em qualquer dos casos tenha sempre em vista a redução da prestação mensal.

  1. Negociar um período de carência

Poderá negociar um período de tempo durante o qual apenas pagará juros, não tendo de pagar capital. Esta opção permitirá reduzir no período acordado a prestação mensal, mas nos seguintes esta será maior.

4. Alterar o plano de pagamento

Os créditos têm, por norma, amortização de capital durante toda a vida útil do empréstimo. De forma a reduzir a prestação, poderá negociar a alteração desta amortização.

Poderá propor, por exemplo, que no final do empréstimo seja liquidada uma maior parte do capital. Assim, o prazo mantém-se, apenas se altera o regime de amortização do capital. A sua prestação baixa, mas no final terá de pagar um valor avultado de capital.

CONSOLIDAR CRÉDITOS

Se tem vários créditos, a sua consolidação pode ser a solução para reduzir a prestação mensal.

Os créditos pessoais, embora de valor mais baixo, por serem de prazo mais curto, são aqueles que têm muitas vezes um peso maior nas responsabilidades financeiras.

Assim, se tiver vários créditos ao consumo, quer pessoais quer de cartões de crédito, considere a hipótese de os juntar num só. Some os valores em dívida e junto do banco proponha a concessão de um crédito que lhe permita liquidar a totalidade de créditos que tem.

Ao fazer esta consolidação ficará a pagar um único crédito a um único banco. Ficará a pagar uma prestação, mais baixa do que o somatório das anteriores, além de ser mais fácil a respetiva gestão, já que mensalmente apenas terá de fazer um pagamento. No entanto, se o crédito consolidado for um crédito pessoal, o prazo não será muito alargado.

Consolidação com hipoteca

Para uma redução mais significativa na prestação, a opção poderá passar por uma consolidação com hipoteca.

Neste caso, a totalidade dos créditos é convertido num único, tendo como garantia um imóvel (habitação própria ou secundária), mas com prazo pagamento e taxa de juro idênticos ao do crédito habitação.

Em termos simples, se atualmente paga uma taxa de cerca de 10% sobre os seus créditos ao consumo, passaria a pagar no crédito hipotecário cerca de 1%. Deste modo, a prestação seria bastante menor quer pelo aumento do prazo quer pela  a redução significativa da taxa de juro a aplicar.

Em suma, se a situação económica atual pode, a curto prazo, impedi-lo de cumprir os seus compromissos financeiros, não adie. Analise o seu orçamento, calcule a taxa de esforço e negoceie junto do seu banco soluções para reduzir as prestações mensais.

Em última instância, se não chegar a acordo com o seu banco quanto à renegociação dos seus créditos, pondere transferir o seu crédito para outro banco. Como muitas entidades bancárias a tentar angariar novos clientes é possível que consiga uma oferta mais competitiva.

Fonte:e-konomista.pt

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